quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

QUEM FOI RUSSEL?


"Milhares de leitores dos escritos do Pastor Russell acreditam que ele ocupava a posição daquele 'servo fiel e prudente' [Mateus 24: 45], e que sua grande obra estava provendo à Casa dos Fiéis o alimento em tempo apropriado. Sua modéstia e humildade o impediam de proclamar abertamente esse título, mas ele o admitiu em conversa particular." 
- A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 357  (em inglês)
"... o escravo fiel e discreto, Pastor Russell."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 418  (em inglês)
"As Escrituras indicam que Russell foi escolhido pelo Senhor desde seu nascimento. Os dois mais proeminentes mensageiros foram [o apóstolo] Paulo e o Pastor Russell. Russell é o servo de Mateus 24: 45-47."
- A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 6159  (reimpressão em inglês)
"... Em essência, mostramos que a Sociedade é uma organização inteiramente religiosa; que os membros aceitam como seus princípios de crença a santa Bíblia, conforme explicada por Charles T. Russell;..."
Anuário de 1976, p. 106 (em português)
"Todos os Estudantes da Bíblia, seguidores do Pastor Russell,..."
- O Mistério Consumado, 1917, p. 126  (em inglês)
"Não há nada na verdade presente de hoje alguém que possa honestamente dizer que recebeu conhecimento do plano divino de qualquer outra fonte que não o ministério do irmão Russell... Então, repudiá-lo ou à sua obra equivale a repudiar o Senhor..."
- A Sentinela de 1/5/1922, p. 132  (em inglês)
"Quando interrogado sobre quem era o 'servo fiel e prudente', Russell respondia, 'Alguns dizem que sou eu enquanto outros dizem que é a Sociedade; ambos são verdadeiros, já que Russell era, de fato, a Sociedade."
- A Sentinela de 1/3/1923, p. 68  (em inglês)
" [As Testemunhas de Jeová] ...tinham de ser libertadas de... idéias e práticas da religião falsa... Algumas exaltavam criaturas, entregando-se a um culto de personalidade ligado a Charles T. Russell, o primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia..."
- A Sentinela de 1/5/1989, p. 3  (em inglês)

Comentário 1: 
     O livro Proclamadores (1993) - publicado pelas Testemunhas de Jeová - admite, na página 143, que embora Russell não fosse inicialmente adepto da idéia de um indivíduo como representando o 'servo fiel e prudente' de Mateus 24: 45, mas de uma coletividade, ainda assim ele não rejeitou esta crença em torno dele. Na verdade - diz o livro - este ensino foi advogado pelos Estudantes da Bíblia por 30 anos. Conseqüência: o nome de Russell tornou-se símbolo de um desmedido culto a personalidade. A própria organização confirma isso no último trecho transcrito acima. Ao que tudo indica, a primeira pessoa a sugerir essa idéia foi a esposa do 'pastor', a qual confirmou esse pensamento em uma reimpressão de A Sentinela de 1906. Pouco tempo depois, ela se separaria judicialmente dele (acusando-o de negligência e crueldade). Ainda segundo o livro Proclamadores, Russell teria declinado dessa prerrogativa gloriosa na edição de 15/7/1906 de A Sentinela. Todavia, nesta mesmíssima matéria, embora negando superioridade, ele, paradoxalmente, classifica a si mesmo como "porta-voz de Deus".  A data de alguns documentos também mostra que o culto a personalidade prolongou-se até os anos 20 - bem depois de Cristo ter supostamente escolhido a Sociedade como seu "Escravo Fiel", em 1919. A forma como o assunto é freqüentemente abordado nas publicações das Testemunhas de Jeová parece sugerir que a Sociedade Torre de Vigia nada tinha a ver com essa transgressão. Com a finalidade de esclarecer essa questão de maneira incisiva, reservamos para o final a mais pungente prova documental daquilo que parece ir bem além de um 'culto a personalidade' por parte de alguns fiéis. Queira o leitor observar o que diz - sob o título "Um Tributo Pessoal ao Pastor" - a edição de A Sentinela de 1/12/ 1916, p. 6150  (reimpressão em inglês), conforme a cópia abaixo:

Tradução:
"'Ó Senhor, na tua força se alegra o rei; E quanto deseja ele jubilar na tua salvação! Deste-lhe o desejo do seu coração e não retiveste o anseio dos seus lábios. Selah. Pois passaste a ir ao encontro dele com bênçãos de bem e a por-lhe na cabeça uma coroa de ouro refinado. Pediu-lhe vida. Tu lhe deste, longura de dias por tempo indefinido, para todo o sempre. Sua glória é grande na tua salvação. Puseste sobre ele dignidade e esplendor. Pois o constituis altamente abençoado para todo o sempre. Tu o fazes regozijar-se com a alegria da tua face.' Salmos 21: 1-6."
"Realmente, estas palavras aplicam-se com precisão ao nosso amado Irmão e Pastor!"
"Charles Taze Russell, tu foste, pelo Senhor, coroado como rei; e através das eras eternas teu nome será conhecido no meio do povo, e teus inimigos virão e adorarão aos teus pés."

Comentário 2: 
     Vemos aqui uma das mais assombrosas declarações já publicadas pelo 'Escravo Fiel e Discreto' - a Sociedade Torre de Vigia. Foi lançada logo após a morte de Russell e servida ao rebanho de fiéis como 'alimento espiritual no tempo apropriado'. Cremos que mais de 99% das Testemunhas de Jeová, hoje em dia, jamais leram a declaração acima. Nem jamais imaginariam que sua Organização pudesse publicar algo semelhante. Provavelmente, o teor chocante deste documento fará a Testemunha mediana presumir - e desejar, até - que se trate de uma falsificação. É compreensível que seja assim, pois esta evidência derruba por terra a tese da Sociedade de que houve um simples culto a personalidade por parte de alguns membros, uma devoção ao 'pastor', cujas virtudes o destacavam entre os homens de seu tempo. Não foi apenas isso, foi algo muito mais grave. O que vemos aqui é o endosso - por parte dela, a Sociedade - a um autêntico ato de louvor a Russell, com a aplicação a ele  de um Salmo que se sabe representar a Jesus Cristo, coroado pelo próprio Deus. Diante desse documento, parece uma tarefa bastante difícil absolvê-la do envolvimento direto na glorificação de seu fundador - em nível de igualdade a Cristo. Do ponto de vista bíblico, isto equivaleria a, pelo menos, dois delitos gravíssimos: idolatria e blasfêmia. Cremos que as provas aqui expostas, em que o pese a forte impressão que podem produzir no leitor, constituem evidências suficientes para se possa avaliar se o corpo governante das Testemunhas de Jeová possui idoneidade para condenar outras religiões por louvor a criaturas.

A VERDADE DAS TESTEMUNHAS E AS PIRAMIDES

Quadro da película "Fotodrama da Criação" (1914), de C.T. Russell
“...refere-se à Grande Pirâmide, cujas medidas confirmam o ensino bíblico de que 1878 marcou o começo da colheita...”
- A Sentinela de 1/10/1917, pág. 6149 (em inglês)
“...a Pirâmide do Egito, permanecendo como uma testemunha silenciosa e inanimada do Senhor...”
- A Sentinela de 15/5/1925, pág. 148 (em inglês)  
"...quando se lançou a idéia segundo a qual a grande pirâmide é a 'Testemunha' de Jeová, cujo testemunho é de igual importância tanto para a verdade divina quanto para a ciência pura..." 
Thy Kingdom Come (1897), cap. 10, pág. 320
"...[a pirâmide] converteu-se em objeto de interesse crescente para cada cristão maduro no estudo da palavra de Deus; pois ela parece dar-nos de uma maneira notável, e de acordo com todos os profetas, um esquema do plano de Deus para o passado presente e futuro." 
Thy Kingdom Come (1897), cap. 10, pág. 314
"Então Satanás colocou o seu conhecimento na pedra morta [a pirâmide], que pode ser chamada Bíblia de Satanás, e não testemunha pétrea de Deus."
- A Sentinela  de  15/11/1928, pág. 344 (em inglês) 

E mais: O livro Testemunhas de Jeová – Proclamadores do Reino de Deus (1993), pág. 201, admite a piramidologia como parte de seus ensinos primitivos, embora justifique isto por dizer que tratava-se apenas de “um pensamento” do Pastor Russell, por cerca de 35 anos.  
 
O pastor Russell em uma de suas visitas à pirâmide do Egito
Nota: Em 1912 - durante uma de suas visitas à pirâmide de Gizé - o pastor Russell proferiu o célebre discurso "Uma Testemunha de Deus - A Grande Pirâmide do Egito".  Uma evidência adicional  do envolvimento da religião com piramidologia existe até hoje, na forma de um enorme monumento de pedra, em forma de pirâmide, o qual  jaz ao lado do sepulcro de  Russell, no Cemitério Rosemont United (Pittsburgh, Pensilvânia, EUA), conforme se pode ver na página inicial deste site. O leitor poderá visitar este monumento no seguinte endereço: http://www.geocities.com/irmaobrasil . Recentemente – no primeiro número de A Sentinela (1/1/2000, páginas 9 e 10) – a religião fez uma confissão mais pormenorizada de seu envolvimento com a piramidologia, embora não mencionasse que este envolvimento perdurou até 1928, durante a 2ª presidência da entidade e 9 anos após a ‘aprovação’ do “Escravo Fiel e Discreto”, em 1919, por Jesus Cristo.  

O ABSURDO...


   Acreditam que, em 1919, Jesus Cristo – entronizado desde 1914 – rejeitou TODAS   as outras   religiões e escolheu as Testemunhas de Jeová (então “Estudantes da Bíblia”) como o “único canal” de comunicação entre Deus e os homens  
“Os fatos históricos mostram que 1919 foi o ano em que o remanescente
terrestre dos 144.000 herdeiros do Reino começaram a ser libertados  de
Babilônia,  a  Grande.     Naquele ano, a mensagem do  Reino  de   Deus
estabelecido começou a ser pregada de casa em casa e divulgado pelas  

Testemunhas cristãs de Jeová
de um modo destemido.     Esta pregação  
do Reino como estabelecido em 1914 foi em cumprimento da profecia de
Jesus em Mateus 24: 14.”
     - Caiu Babilônia, a Grande! (1963), pág. 515 (em inglês)
"Assim como as profecias bíblicas apontavam para o Messias, elas também
nos encaminham ao unido corpo de cristãos ungidos das Testemunhas  de  

Jeová
, que serve atualmente qual escravo fiel e discreto. Todos os que  
desejam entender a Bíblia devem reconhecer que a  'grandemente
diversificada sabedoria de Deus' só pode ser conhecida através de seu  

canal
de comunicação de Jeová, o escravo fiel e discreto. - João 6:68"
- A Sentinela de 01/10/94, pág. 8
"A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado
por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não  importa o quanto
leiamos a Bíblia."
- A Sentinela 01/08/82 , pág. 27  

O FIM DO MUNDO E AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.


"Nós apresentamos prova de que... a 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminará em 1914 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre..."
- Estudos das Escrituras III, 1905, editorial 26 (em inglês)
"...a completa destruição dos poderes... deste mundo maligno - político, financeiro, eclesiástico - por volta do fim do Tempo dos gentios, outubro de 1914."
- Estudos das Escrituras IV, 1897, págs. 604,622  (em inglês) 
"A 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminará em 1915 A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre...... consideramos uma  verdade estabelecida que o final dos reinos deste mundo, e o completo estabelecimento do reino de Deus, se cumprirão próximo do fim de 1915 A.D."
- Estudos das Escrituras III, 1915, editorial 101 e 99 (em inglês)
"Parece conclusivo que as 'dores de aflição' da Sião Nominal estão fixadas na passagem de 1918... há razões para crer que os anjos caídos invadirão as mentes de muitos da igreja nominal, levando-os a uma conduta excessivamente tola e culminando com sua destruição às mãos de massas enfurecidas... Também, no ano de 1918, quando Deus destruir as igrejas e seus membros aos milhões..."
- O Mistério Consumado, 1917, págs. 128,129 e 485 (em inglês)
"Seja como for, há evidência de que o estabelecimento do Reino na Palestina será provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que nós uma vez tínhamos calculado [isto é, 1915]."
- O Mistério Consumado, 1917, pág. 128 (em inglês)
"Por conseguinte, nós podemos esperar confiantemente que 1925 marcará o retorno de Abraão, Isaque, Jacó e os profetas fiéis da antiguidade... um cálculo simples dos jubileus traz-nos a este importante fato."
- Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, págs. 88-90 (em inglês)
"... os meses que restam antes do Armagedom."
- A Sentinela de 15/9/1941, pág. 288  (em inglês)
"Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará então? Possivelmente... A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não anos."
- A Sentinela de 15/2/1969, pág. 115  (em português)
"O apóstolo Paulo servia de ponta de lança na atividade missionária cristã. Ele também lançava o alicerce para uma obra que seria terminada em nosso século vinte."
- A Sentinela de 1/1/1989, pág. 12  (em português)
 
Nota: Em 1929, as Testemunhas de Jeová construíram uma mansão em San Diego, Califórnia, EUA – chamada Beth-Sarim – destinada a servir de residência aos patriarcas bíblicos Abraão, Isaque e Jacó, cuja ressurreição havia sido prevista para 1925. Mas eles não apareceram para tomar posse. Quem residiu lá até 1942 – ano de sua morte – foi, na verdade, o então Presidente da organização, J. F. Rutherford. Em 1939, foi construído um abrigo antiaéreo secreto em uma propriedade vizinha – chamada Beth-Shan. Pouco depois da II Guerra Mundial, a organização silenciosamente vendeu os dois imóveis. A publicação oficial das Testemunhas de Jeová, o livro Proclamadores, admite a existência de Beth-Sarim (pág. 76) – embora omita que a escritura da casa foi feita em nome dos patriarcas bíblicos – e silencia totalmente quanto à existência de Beth-Shan.  

RACISMO E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.

   Racismo       
Início       
"...É verdade que a raça branca exibe algumas qualidades de superioridade sobre qualquer outra...”
-  Zion’s Watch Tower de 15/7/1902, pág. 3043 (reimpressão)
“Deus pode mudar a pele  etíope [negra] no seu devido tempo.”
-  Zion’s Watch Tower de 15/7/1904, pág. 3320 (reimpressão)
          "Eles [os negros] têm sido e são uma raça de serviçais... Não há no mundo um serviçal tão bom quanto um bom serviçal de cor, e a satisfação que ele obtém por prestar um fiel serviço é uma das mais puras satisfações que há no mundo."
A Idade de Ouro de 24/7/1929, pág. 207 (em inglês) 
"Deus... evidentemente tem sido um respeitador das raças, e tem abençoado especialmente certos ramos da raça Ariana na Europa e América... a raça branca tem sido mais abundantemente abençoada com a luz das boas novas  do que outras... a Igreja eleita provavelmente será composta principalmente da altamente favorecida raça branca.."
A Bíblia versus a Teoria da Evolução (1898), págs. 30,31 (em inglês)
"As raças negra e latina provavelmente sempre serão inclinadas à superstição."
Zion's Watch Tower de 1/4/1908, pág. 99
"...as diversas raças da humanidade provavelmente terão seus interesses espirituais como Novas Criaturas melhor preservados por alguma medida de separação." 
Estudos das Escrituras - Vol III (1904), pág. 490 (em inglês)
"EDUCAÇÃO DE NEGROS EM CINCINNATI - Negros por toda a cidade vão a esta escola por opção. Eles sentem que podem ter melhores oportunidades permanecendo em seu próprio grupo, e estão provavelmente certos... sob as condições imperfeitas presentes, uma sábia segregação é provavelmente uma vantagem para todos os envolvidos."
A Idade de Ouro de 1/10/1919, pág. 8 (em inglês) 
"Hispânicos.. e outras raças retrógradas..."
A Idade de Ouro de 30/11/1927, pág. 141 (em inglês) 
"Cuidadosas observações em uma escola em Londres mostraram que as crianças davam suas melhores risadas, não com comédias 'pastelão', mas...olhando um mineiro negro comer um prato cheio."
A Idade de Ouro de 1928, pág. 684 (em inglês) 

Nota: Não seria correto afirmar que as Testemunhas de Jeová, hoje, constituem uma comunidade racista (pelo menos, não mais do que outras religiões ou culturas o são). Não obstante, não se pode deixar de perceber em seus artigos, tais como os acima transcritos, a representação do pensamento tradicional da época em que foram escritos, os quais não conseguem disfarçar, em seu teor, uma forma, por assim dizer, sutil e 'piedosa'  de racismo.

MENSAGEM OCULTAS DAS TESTEMUNHAS.

     Na edição de A Sentinela de 1 de maio de 1984 (p.24, em espanhol), sob o título "Cuidado com a Música que Degrada", o autor declara:
"Também foram feitas gravações de mensagens antibíblicas, e até demoníacas, mediante uma técnica de gravar dissimuladamente de trás para frente, a qual vários grupos musicais utilizam... [uma] gravação popular, tocada ao contrário, traz a mensagem: 'Cantarei porque vivo com Satanás... É inevitável, meu doce Satanás." Supõe-se que as pessoas normalmente não toquem discos ao contrário. Porém, quando se escuta certo tipo de música, a mente fica exposta a sugestões impróprias e pode absorver idéias antibíblicas ou demoníacas... A mente desprevenida em sentido espiritual pode deixar a pessoa exposta às influência de demônios."

     A partir dos comentários acima, a Sociedade Torre de Vigia demonstra que está bem a par da existência daquilo que se denomina 'mensagem subliminar', a qual consiste na introdução sutil de informação oculta em qualquer via de comunicação, seja som ou imagem. Na publicação Despertai! de 22 de setembro de 1994 (pp. 7-8), a organização volta a abordar o assunto, dessa vez atacando a música tipo 'rock pesado', classificando-a como um instrumento a serviço do satanismo. Na idade média acreditava-se que uma das características dos bruxos era a habilidade de falar de trás para frente. No século 20, a técnica de introduzir mensagens gravadas ao contrário na música (backward masking) é uma prática que data dos anos 60, tendo servido a diversos objetivos, desde simples brincadeira até propósitos escusos. Comenta-se que até os Beatles lançaram mão deste recurso (final da canção I´m so Tired, 1969). Na Bulgária, o uso de áudio com mensagens subliminares foi aplicado à aprendizagem de idiomas e matemática. Todavia, como dissemos, as mensagens subliminares não freqüentam apenas o áudio, mas também o vídeo. Alguns pesquisadores afirmam que o uso de figuras subliminares remonta ao renascimento, desde os afrescos da capela cistina, pintados por  Miguelângelo. Elas também foram supostamente encontradas em diversas obras de artistas famosos. Até em anúncios publicitários modernos, há rumores do uso deste recurso. Diz-se que, na década de 50, os fabricantes de Coca-Cola introduziram imagens de seu produto - a uma duração de um trigésimo de segundo cada uma - em uma película cinematográfica exibida em New Jersey, o que supostamente resultou em um incremento de 58% nas vendas.
     A forma como a mente humana reage a mensagens subliminares foi objeto de estudo de alguns médicos desde os tempos de Sigmund Freud - o conhecido 'pai da psicanálise'. Um contemporâneo dele, o Dr. Poetzle, realizou experimentos e registrou suas conclusões sobre o efeito das mensagens subliminares sobre o ser humano. Em 1957, a obra Hidden Persuaders [Persuasivos Ocultos] - de Vance Packard - deu grande destaque ao tema, sendo recebida inicialmente com certo ceticismo. Entretanto, alguns anos depois, a atitude do público mudou e, de lá para cá, muito já se escreveu sobre o tema. O assunto despertou o interesse de psicólogos e de autoridades. Muitos têm questionado a ética em aplicar tal recurso, já que, segundo se sabe, a mensagem captada de forma tão sutil, pelo subconsciente de cada um, poderia escapar ao senso crítico da vítima, transmitindo-lhe de forma eficaz idéias que ela, de outro modo rejeitaria. 
     O artigo de maio de 1984 de A Sentinela não seria o único daquele ano a tratar deste assunto. A edição de 1 de setembro (p. 20, em inglês) anunciou o seguinte:
"Até as publicações da Sociedade Torre de Vigia têm sido objeto de rumores - por exemplo, de que um dos artistas havia estado introduzindo secretamente figuras de demônios nas ilustrações, tendo sido subseqüentemente pego e desassociado... Certamente, o rumor a respeito das publicações da Sociedade foi danoso, bem como calunioso."
     A matéria acima refere-se a denúncias - ou rumores, como prefere o autor - de que, em diversas figuras publicadas na literatura das Testemunhas de Jeová,  podiam-se distinguir imagens subliminares, sutilmente introduzidas com algum propósito. Produto da imaginação de alguns ou não, o fato é que tais 'rumores' vieram de diversas partes do mundo. Trata-se de matéria polêmica, tendo, de um lado aqueles que afirmam que tudo não passa de coincidências e, do outro, os que sustentam que a freqüência com que se têm encontrado tais figuras é demasiado alta para deduzir que se trate de simples acaso. A organização não mais pronunciou-se sobre a questão. Todavia, em pelo menos alguns casos, o ceticismo cede lugar ao questionamento ou, pelo menos, a suspeita. Algumas figuras foram alteradas ao serem lançadas em exemplares de outras línguas ou foram reformuladas ao serem exibidas em outras publicações. 'Com qual finalidade?', pergunta-se. Outras ilustrações parecem adquirir formas fantasmagóricas, relacionadas ao ocultismo. Seria pura coincidência? É um tema aberto à discussão. Convidamos o leitor a visitar um endereço que trata detalhadamente deste curioso tema e tirar suas próprias conclusões. Trata-se de um site em espanhol -   http://www.geocities.com/Athens/Ithaca/5974/subliminal1.html . Lá, um artigo, escrito originalmente em francês, disseca os fundamentos dessa área de estudo e contém farta galeria de fotos - aquelas que motivaram a discussão. A razão de mencionarmos tal assunto é por ele guardar estreita relação com o objeto de investigação deste artigo.
     É certo que toda Testemunha de Jeová hoje em dia busca - a exemplo dos membros de outras denominações cristãs - manter-se longe de qualquer forma de ocultismo,  fazendo-o com sinceridade. Mas também é certo que a esmagadora maioria delas desconhece completamente o passado duvidoso de sua organização. Elas desconhecem a formação mística do fundador de seu movimento, C.T. Russell ; desconhecem seus vínculos com organizações esotéricas; desconhecem seu envolvimento com astrologia ; desconhecem sua doutrina sobre a salvação de demônios ; desconhecem seu envolvimento com frenologia e fisiognomia ; desconhecem seu túmulo adornado por uma pirâmide e ao lado de um complexo maçônico; desconhecem o teor de seus discursos junto à Pirâmide de Gizé e na Loja Maçônica de Pasadena ;  desconhecem o significado dos diversos símbolos esotéricos utilizados pela organização ao longo de sua história; desconhecem o passado de possessões demoníacas do editor-chefe de uma das revistas da Sociedade Torre de Vigia; desconhecem a teoria da retirada do espírito santo em 1918; desconhecem a tese da comunicação com anjos; desconhecem o endosso de dispositivos inúteis e ligados ao ocultismo; desconhecem o endosso de obras 'psicografadas'; desconhecem, enfim, os mais graves episódios em que sua instituição esteve em pleno 'romance' com o oculto.
     Tem sido política da Sociedade Torre de Vigia rejeitar instituições, folclore, símbolos, costumes ou tradições com base exclusiva em suas origens primitivas. Essa é a razão pela qual as Testemunhas de Jeová são impedidas de entrar em qualquer templo religioso que não o seu próprio ou de participar de celebrações como Natal, Dia das Mães ou dos Pais, Dia dos Namorados ou aniversários natalícios. O caráter fraterno dessas ocasiões não conta, é sobrepujado por sua 'origem'. Da mesma forma, as Testemunhas rejeitam associar-se à Cruz Vermelha ou quaisquer organizações filantrópicas que tenham uma origem, ainda que remota, questionável sob o ponto de vista de sua organização. Isso é visto, entre elas, como evidência do mais alto grau de pureza cristã. A organização enfatiza repetidamente esta filosofia. Todavia, tal mentalidade, se aplicada à risca, acabaria por lançar vitupério sobre as próprias Testemunhas de Jeová, pois, além do uso de símbolos como a torre de vigia (originalmente ligada ao ocultismo), elas também portam objetos como aliança de casamento - também de origem pagã. Na verdade, se fôssemos em busca da origem de cada termo ou utensílio do nosso cotidiano, muito freqüentemente os encontraríamos vinculados à cultura de nações ditas 'pagãs'. Se os rejeitássemos sistematicamente por este motivo, cada aspecto de nossa vida - de vocabulário a vestuário - seria sobrecarregado de restrições sem sentido, o que talvez inviabilizasse a vida em sociedade. Como diz Ray Franz, em sua obra In Search of Christhian Freeedom [Em Busca de Liberdade Cristã], p. 274:
"Muito é feito da 'origem pagã' de várias práticas e itens ligados a alguns feriados. Ainda assim,sendo realísticos, qualquer significado 'pagão' que possam ter tido, este já desapareceu há muito tempo... os dias da semana envolvem nomes de objetos pagãos de adoração, o sol, a lua, e deuses e deusas... O mesmo se dá com os nomes dos meses. Mesmo assim, nós hoje empregamos estes nomes sem a menor noção de sua 'origem pagã'. Na verdade, a maioria das pessoas estão totalmente inconscientes de sua fonte 'pagã'. Isso é similarmente verdadeiro com respeito as várias decorações e costumes relacionados a muitos feriados. Enquanto coloca grande ênfase no fator 'origem pagã', a Sociedade Torre de Vigia simplesmente releva isso em outras áreas..." 
        As Testemunhas de Jeová não se apercebem de que, ao rejeitarem certas coisas com base exclusiva no critério da 'origem pagã', ao passo que deixam passar diversas outras, estabelecem aquilo que se convencionou chamar 'dois pesos e duas medidas'. Deveras, a organização parece instituir até hoje dois critérios - um para avaliar a si própria e outro para avaliar as demais instituições. Costumes populares - totalmente incorporados à cultura dos povos -, bem como denominações religiosas devem ser rejeitados por causa de sua origem pagã, mesmo que tal fonte há muito tenha sido esquecida. Por outro lado, a Sociedade Torre de Vigia, nascida do Adventismo do século 19, do esoterismo de Russell, da piramidologia, das mensagens 'angelicais' de Rutherford, das idéias surreais de Clayton Woodworth e da simbologia pagã da maçonaria e de outras sociedades esotéricas, deve ser aceita plenamente - sem se tomar em conta seu passado comprometedor e sua 'origem pagã'. Se seus adeptos não mostrassem para com ela mais benevolência do que ela própria tem para com outras denominações, dificilmente haveria hoje milhões de Testemunhas de Jeová pelo mundo. Certamente é um direito delas desconsiderar o passado de sua religião como é direito de milhões de membros de outras denominações religiosas desconsiderar o passado da religião delas. Todavia, entendemos que a ignorância do passado inexoravelmente compromete a lucidez da escolha, pois como perdoar se não se sabe o quê? Como avaliar se a decisão que se tomou - às vezes com conseqüências vitalícias - foi acertada se faltaram subsídios vitais para a sua formulação e a fonte que deveria prover tais subsídios, na verdade, obscureceu sua percepção?
     Cremos que os fatos aqui expostos têm muito que ver com a vida de cada Testemunha de Jeová e talvez suas graves implicações induzam pessoas sinceras a reconsiderar sua postura diante da religião que abraçaram - até porque, cremos, relevantes fatos que teriam sido incorporados ao processo de conversão delas foram, até a leitura deste artigo, completamente omitidos ou 'pasteurizados' sob uma ótica piedosa e provincialista. Diversas questões - diante do que foi visto - deveriam vir à mente:
  • Teriam as verdades do primitivo cristianismo sido 'revividas' no final do século 19, por meio de uma organização infestada de paganismo, tradições mundanas e símbolos ocultistas?
  • Teria Cristo, ao observar todas as religiões do mundo, no período de 1914 a 1918, escolhido para representá-lo - dentre milhares - justamente uma que ensinava piramidologia, advogava o perdão para demônios, combinava cristianismo com astrologia, celebrava feriados supostamente pagãos, mantinha laços estreitos com a maçonaria e com seus símbolos místicos e induzia milhares a  acompanhá-la em suas superstições antibíblicas?
  • Teria o Espírito Santo de Deus 'dirigido' uma organização que professava não ter, desde 1918, a sua iluminação?
  • Teria Cristo mantido sua bênção sobre a organização que o representava, enquanto ela "comia à mesa de demônios", endossando crenças e práticas ocultistas por mais de 50 anos?
  • Se um cristão sincero, tomando conhecimento da existência de tais práticas, 'tropeçasse' em sua fé e rejeitasse à organização, a quem caberia a responsabilidade - a Cristo ou à própria Sociedade Torre de Vigia?
  • Pode uma religião que 'brotou' de tal solo contaminado ser hoje a 'única genuína organização cristã'?
     Estas são, certamente questões que merecem a mais relevante consideração. Jó 14: 4 diz: "Quem pode, de alguém impuro, produzir alguém puro? Nem sequer um." Cremos que, ante os fatos, o leitor já tem, por si mesmo, condições para avaliar com lucidez os pontos acima e discernir se a luz pode, afinal, provir da escuridão, pois o apóstolo João dizia:
     "...Deus é luz e não há nenhuma escuridão em união com ele."  - 1 João 1:

TESTEMUNHAS DIABOLICAS.

     Os redatores da Sociedade Torre de Viga parecem alimentar, há décadas, uma fascinação mórbida por espíritos iníquos. Fizemos uma retrospectiva, desde os tempos de Russell, Clayton Woodworth  e J.F. Rutherford, na qual constatamos a publicação freqüente de matérias sobre os demônios e suas 'atividades'. As coisas não mudaram muito nesse respeito - o diabo ainda ocupa lugar de destaque na literatura da Sociedade Torre de Vigia. A figura dele tem sido utilizada como pretexto para explicar toda sorte de mazela - desde guerras, problemas econômicos, índices de criminalidade até o surgimento de setores descontentes com as doutrinas da instituição. Diferentemente de seu fundador, as Testemunhas de Jeová não pregam mais a salvação para demônios arrependidos nem ensinam que haja demônios 'honestos'. Ao contrário, afirmam taxativamente que toda e qualquer comunicação oriunda do plano espiritual na atualidade provém inexoravelmente de Satanás. O livro Conhecimento que Conduz à Vida Eterna (1995) afirma, na p. 112, o seguinte:
"Jeová enviou espíritos bons, ou anjos justos, para comunicar-se com alguns seres humanos antes de a Bíblia ser concluída. Desde que foi terminada, a Palavra de Deus dá aos seres humanos a orientação necessária... Ele não passa por alto sua Palavra sagrada dando mensagens a médiuns. Todas essas mensagens atuais do mundo dos espíritos vêm de espíritos iníquos."
     Não se pode deixar de perceber o notável contraste entre a visão acima e os tempos em que o segundo  presidente da Sociedade Torre de Vigia alegava receber mensagens dos anjos. Isso levanta uma questão perturbadora: se, desde a conclusão das Escrituras Sagradas, por volta de 98 DC, Deus não mais envia quaisquer instruções aos seres humanos, então de onde provinham as revelações de Rutherford, as quais alimentaram as gráficas da organização por mais de vinte anos e fazem parte do atual corpo doutrinário da religião? 
     Na atualidade, as Testemunhas de Jeová entendem que, não só as mensagens mediúnicas propriamente ditas, mas toda e qualquer manifestação sobrenatural é, necessariamente, demoníaca - incluindo-se as manifestações carismáticas ou pentecostais, bem como quaisquer 'milagres' ou 'aparições' de 'santos'. Sua literatura contém diversos relatos de ex-pentecostais, ex-médiuns e ex-macumbeiros agora convertidos, os quais relatam experiências assustadoras de vozes, ruídos, possessões e fetiches demoníacos que tiveram de ser destruídos às pressas. Livros, fotos ou roupas que não queimavam, quadros ou amuletos quase indestrutíveis e coisas assim, povoam o imaginário das Testemunhas de Jeová.  Por exemplo, ainda no livro Conhecimento..., p. 115, lemos:
"...um casal na Tailândia há muito tempo era molestado pelos demônios. Daí, eles se livraram de objetos relacionados com o espiritismo. Com que resultado? Ficaram livres dos ataques demoníacos e depois fizeram progresso espiritual.
      A organização publicou diversos artigos sobre como lidar com objetos 'demonizados', visões  e outras manifestações, chegando a 'diagnosticar' insônia, dores-de-cabeça e 'vozes' como provenientes de uma maldição sobre uma peça de roupa presenteada ou ornamentos, após cuja destruição, os 'sintomas' cessaram totalmente (A Sentinela de 1/12/1974, p.707-712; 15/4/1984, pp. 11-15; 15/8/1963, pp. 507-511). Também advogou a idéia de que os demônios praticam abuso sexual e levam pessoas à loucura (livro Conhecimento..., p. 114). Por outro lado, na publicação Despertai!  de 22/8/1975, pág. 26 (em inglês), a Sociedade Torre de Vigia desaconselha a consulta a psiquiatras ou psicólogos, recomendando o uso da Bíblia para auxiliar pacientes com problemas psicológicos. 
     Com relação à destruição de objetos, a organização costuma fazer referência à passagem bíblica de Atos 19: 19, onde se narra que cristãos recém-convertidos queimaram seus livros de ocultismo. Todavia, o texto não diz que eles o fizeram em razão de algum poder emanar daqueles objetos. Tampouco relata que tenha havido alguma dificuldade para destruir tais itens. Aparentemente, as Testemunhas de Jeová ampliaram o sentido do texto de Atos, criando uma variada 'lista' de objetos a serem localizados e destruídos:
"...Isto inclui livros, revistas, vídeos, pôsteres, gravações musicais e objetos usados para fins espíritas. Estão incluídos também ídolos, amuletos e outras coisas usadas para dar proteção, e presentes recebidos de praticantes do espiritismo." - Livro 'Conhecimento que conduz...' (1995), p. 115
     Note o leitor que a Sociedade recomenda a busca e destruição, não apenas dos objetos diretamente ligados ao ocultismo - ou usados em alguma liturgia - mas até mesmo um simples presente dado por alguém que professe o espiritismo, mesmo que o objeto em si nada tenha a ver com tais práticas. Em outras palavras, se um parente espírita vai a um shopping-center e compra um par de meias para presentear generosamente alguém, elas devem ser destruídas, pois podem servir de elo com os demônios. Tal atitude se assemelha de perto àquela dos religiosos da era medieval, à caça de bruxas. A organização cita os textos de Deuteronômio 7: 25,26 e 1 Coríntios 10: 21 como justificativa para esta doutrina. Entretanto, tais textos referem-se explicitamente a ídolos - objetos diretamente relacionados a uma prática condenável, a idolatria. Nenhuma das duas passagens citadas nem o relato de Atos 19: 19 atribuem qualquer propriedade maligna intrínseca a tais objetos. Ao contrário, o Salmo 115 retrata os ídolos como uma coisa inerte, sem poder algum, e Paulo, em 1 Coríntios 8:4 fala que 'o ídolo nada é'. Assim sendo, tais utensílios devem ser destruídos pelo que representam, e só. A superstição de sair à procura de objetos pessoais como fonte de fenômenos sobrenaturais está bem mais próxima do folclore religioso (Xamanismo) do que da fé cristã e, no caso da Sociedade Torre de Vigia, parece mais indicar vestígios da antiga fascinação dos redatores de A Idade de Ouro [atualmente Despertai!] por demônios, 'honestos' ou não.
     Infelizmente, a 'espiritofobia' atualmente manifesta entre as Testemunhas de Jeová serviu para agravar o estado mental de pacientes psicologicamente abalados. Alguns, supondo estarem à mercê de demônios, saíram a destruir livros, rosários, cruzes, adornos e quaisquer objetos 'demonizados'. Os que obtiveram alívio - ainda que por fatores psicossomáticos - presumem agora que os objetos eram a causa, porém, os que não melhoram supõem que ainda resta algum fetiche a ser destruído - talvez um "presente recebido" - e, caso não o encontrem, seu estado mental poderá se agravar. Episódios assim induziram certos especialistas a estudar a ocorrência de perturbações mentais entre as Testemunhas de Jeová e alguns são de opinião que casos de depressão, neuroses e comportamento compulsivo ou esquizofrênico são mais comuns entre elas do que na população em geral. Algumas obras já foram publicadas nessa área, entre elas, Jehovah's Witnesses and the Problem of Mental Health [As Testemunhas de Jeová e o Problema da Saúde Mental], publicada, em 1992, pelo psiquiatra e ex-adepto das Testemunhas, Jerry Bergman. Outro especialista,  Havor Montague, em seu trabalho The Pessimistic Sect's Influence on Mental Health: The case of Jehovah's Witnesses [A Influência Pessimista das Seitas na Saúde Mental: o caso das Testemunhas de Jeová], afirma que trabalhou com "muitos casos nos quais a sugestão de 'influência demoníaca' tinha sido o fator crucial para fazer a Testemunha neurótica piorar ao ponto de tornar-se completamente psicótica" (p. 144).

OS PODERES DA MENTE .

     O 'pastor' Russell  considerava a telepatia como um fenômeno real, muito embora não arriscasse um palpite sobre a natureza dela. Em uma reimpressão de A Sentinela, ele expressa seu ponto de vista:
     "Quanto a como as preces de alguém podem beneficiar outro, não podemos saber. Não temos informação suficiente para filosofar sobre isso muito profundamente. Nós poderíamos conjeturar certas influências mentais provindo de uma pessoa para o outra, exatamente como sabemos de influências elétricas que procedem de uma estação para outra distante milhares de milhas. Os poderes da mente são algo não compreendido. Uma mente pode influenciar outra sem palavras, por algum poder telepático."
     A relutância de Russell em assumir uma postura definida sobre a telepatia abriu campo para que seus seguidores prosseguissem investigando-a em busca de sua real natureza. Em 1925, a revista A Idade de Ouro - edição de 25 de fevereiro - publicou o artigo "O Poder da Mente", da autoria do Dr.  A. P. Pottle. Em um trecho do artigo, ele diz:
"Está demonstrado que as substâncias químicas são muito lentas para permitir cálculos rápidos, e isso prova que o pensamento é conduzido  por um sistema de vibração eletrônica. O Dr. Abrams foi o primeiro a demonstrar essa teoria  por meio de um instrumento mecânico. Também explica aquilo que até agora se considerava o mistério da assim chamada telepatia, leitura de mentes e intuição feminina, dos quais o Pastor Russell falou em algumas ocasiões."
     Aqui vemos, mais uma vez, o apoio expresso à teoria estapafúrdia do charlatão Albert Abrams, desta vez, elevando-a à condição de verdadeira 'pedra filosofal' - a descoberta que explicaria todos os fenômenos paranormais. Mais adiante, o autor separa inteiramente a 'técnica' de Abrams dos fenômenos demoníacos e alerta os leitores quanto ao perigo desses últimos. Não é de admirar que, uma vez tendo encontrado uma forma 'segura' de captar as 'vibrações' mentais - aquela que põe as pessoas a salvo das influências malignas - os redatores da Sociedade Torre de Vigia fossem tomados de um empolgação incomum pelas ondas de rádio. A ignorância deles não só serviu de combustível para a promoção de dispositivos inócuos, com muitos prejuízos ao bolso (foram anunciados ao preço de 35 dólares) e à saúde, como expôs a comunidade de 'Estudantes da Bíblia' à exploração de charlatões e místicos. 
     A edição de 1 de julho de 1925 de A Idade de Ouro (p. 631) publicou um artigo ainda mais curioso, intitulado "Cada Humano como um Aparelho de Rádio". Nele, Clayton Woodworth introduz:
"Nós estamos recebendo recortes intitulados, 'São as Ondas de Rádio Mentais uma Possibilidade?' e 'Retratos do vazio', os quais relatam as experiências de diversas pessoas em receber, com ou sem aparatos, quadros e mensagens que eles não conseguem explicar. Eu não tenho dúvida, é claro, de que os fenômenos aqui listados são, em larga medida, demoníacos, mas eu também estou seguro de que nem todos o são. De fato, este recorte esclareceu alguns mistérios para mim... os seres humanos por todo o universo serão capazes de conversar uns com os outros à vontade, instantaneamente, e sem instrumentos de qualquer sorte... todo ser humano é um embrião de estação de rádio..."
      A ignorância científica de Woodworth, bem como sua crença incondicional nos ensinos de Russell certamente contribuíram para que ele endossasse algumas fraudes científicas de seu tempo. Nessa condição, era também pouco provável que ele conseguisse discernir a linha divisória entre ficção científica e ocultismo. É lamentável que ele, estando na posição de editor-chefe de uma publicação que era considerada um 'instrumento do Senhor' - publicada por uma organização 'messiânica' - atraísse muitos 'Estudantes da Bíblia' para o contato com aquilo que diziam repudiar, o ocultismo. Talvez isso nos ensine uma lição sobre o risco de alguém se por diante de homens para lhes obedecer, tornando-se, por conseqüência, 'escravo' deles (Romanos 6: 16).
     É irônico que o poder de influir na mente de outros, entendido por 'Woodworth e Cia' como 'ondas de rádio', fosse exercido por eles próprios - não por estações 'virtuais' - mas pelo poder da palavra escrita. Talvez o único poder mental que tinham era o de convencer milhares a os acompanharem em seus delírios religiosos.

FRENOLOGIA E FISIOGNOMIA

Os dois termos acima dificilmente seriam familiares ao leitor. Ambos definem ciências ocultas - o primeiro define aquela  que tenta determinar o caráter e as habilidades de uma pessoa pelos acidentes anatômicos do crânio, e o segundo define uma outra bastante similar, a qual julga as pessoas por seus traços faciais. A história da frenologia remonta ao século 18, quando foi criada por Franz Joseph Gall (1758-1828). Tanto a frenologia como a fisiognomia já foram totalmente desmascaradas, não havendo nelas qualquer caráter científico. Todavia, nos anos 20 e 30 não foram poucos os que se deixaram seduzir por elas. Entre estes, estavam os dirigentes da Sociedade Torre de Vigia. Uma edição de 1925 da revista A Idade de Ouro defendia a tese de que "o caráter de um homem pode ser descrito em termos de características faciais, o que se conhece como Fisiognomia, ou pelas características cranianas, uma área definida pelo termo científico de Frenologia". O artigo prosseguia afirmando que tais características contam "nossa história de vida" e, juntamente com as 'vibrações' do corpo, "mostram o que somos e não mentem". As 'vibrações' às quais o artigo se referiam estavam relacionadas à infame teoria do Dr. Albert Abrams,  já estudada neste artigo. Desse modo, por combinar os 'princípios' da frenologia, fisiognomia e das 'Reações Eletrônicas de Abrams', os redatores da Sociedade Torre de Vigia produziram uma autêntica 'salada' de pseudociência com ocultismo. 

     Quase nenhuma Testemunha de Jeová hoje sabe que o fundador do movimento, C. T. Russell, submeteu-se ele próprio a 'exames' frenológicos, cujos resultados foram publicados na biografia dele, escrita por William Wisdom, em 1923. Nela, consta o testemunho de vários frenologistas atestando o papel fundamental de Russell à frente de sua organização. Um deles, de nome David Dall, examinou o 'pastor' em 30 de novembro de 1911 e chegou a um análise reveladora - Russell tinha uma grande cabeça e "um cérebro dotado com um grau incomum de atividade; uma região basilar inteira é acompanhada pela poderosa dotação da natureza moral, intelectual e espiritual". As pitorescas conclusões de Dall - conhecido como um 'notável cientista mental' - foram complementadas por um 'diagnóstico' segundo os 'princípios' da fisiognomia: "uma larga face, um nariz grande e largo, com amplas narinas", bem como olhos  que " comunicam disposição e benevolência... como faculdade diretriz... manifestando-se em generosidade de sentimento a toda humanidade, profundo desejo pelo bem-estar de outros, combinando calor de simpatia com uma rara simplicidade de propósito".

Russell - uma 'grande cabeça'???

     É realmente impressionante como um 'leitor de faces', a partir de um exame anatômico possa chegar a conclusões tão lisonjeiras. Mais impressionante ainda é que uma organização que se autodenomina "o único canal de comunicação entre Deus e a humanidade" tenha se deixado levar por tais sandices em uma época em que elas já tinham sido contestadas pela ciência. Há, contudo, um agravante: tais crendices tinham suas raízes tanto em uma interpretação equivocada da teoria da evolução das espécies - combatida pelas Testemunhas de Jeová - como na eugenia, a saber a crença no aprimoramento genético das raças. Diversos adeptos de doutrinas racistas assentaram suas teorias sobre os princípios da frenologia e da fisiognomia. Por exemplo, uma adepta da bruxaria, Sybil Leek, em sua obra intitulada Frenologia (1970), ressaltou os atributos da raça branca, tomando como base as medidas e características do crânio caucasiano. Sem dúvida, algumas de suas conclusões teriam soado como 'música' aos nazistas.

     Um exame na literatura da Sociedade Torre de Vigia, durante as décadas de 20 e 30 revela o amplo destaque dado à frenologia e à fisiognomia. Vejamos, por exemplo, o que diz  - A Idade de Ouro de 19/1/1921, pág. 224 (em inglês):  

"O tamanho do nariz, e também o tamanho dos olhos, não são sem significado. Um homem de nariz pequeno não pode ter uma mente judicial, não importa que outras virtudes tenha. E um homem de nariz arrebitado não pode administrar justiça mais do que um buldogue pode ser pastor."
     Outra edição da revista (5/7/1928) chegou a dizer, "que bênção seria se pais, mestres, educadores, médicos e outros, estivessem plenamente informados quanto à interpretação das formas físicas, da fisiognomia e, particularmente da Iridiagnose, de modo a que pudessem com, com muita antecedência, detectar doenças em evolução e assim tomar medidas em tempo hábil para preveni-las". Seria hilariante saber o que "pais, mestres, educadores e médicos" pensariam hoje de tais conselhos. Todavia, não percamos de vista o fato de que eles provieram de uma organização que se dizia a única detentora da iluminação divina para restabelecer "verdades" sobre os mais diversos aspectos da vida dos cristãos hodiernos. É, deveras, desconcertante que a 'direção' do espírito santo não a tenha impedido de ser levada, junto com muitos outros,  na correnteza das superstições. Apenas em 1978, a Sociedade Torre de Vigia expressou formalmente - em sua literatura - a desaprovação da frenologia, sem, contudo, dar uma só palavra sobre o amplo destaque que concedeu, por décadas, a essa e outras fraudes ocultistas.


O MUNDO ESPIRITUAL DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.

Sem dúvida, o dia 31 de outubro de 1916 caiu como uma bomba sobre a comunidade de 'Estudantes da Bíblia'. Naquela data fatídica, seu mestre C. T. Russell exalou o último suspiro a bordo de um trem no Texas. Segundo o livro Proclamadores, p. 64, um clima de profundo pesar e desorientação abateu-se sobre os membros da Sociedade Torre de Vigia. Era compreensível, pois, conforme diz o próprio livro, "durante toda sua vida Russell  tinha sido 'a Sociedade' ". De fato, durante décadas o 'pastor' exerceu um autêntico 'papado' entre seus seguidores. Além de ser o acionista majoritário da Sociedade - portanto, a maior autoridade civil - sua palavra era, em questões doutrinais, sempre a última. Por anos, sua literatura alimentou a crença de que ele era o 'servo fiel e prudente' de Mateus 24: 45. Menos de dois meses após sua morte, a edição de 1/12/1916 de A Sentinela, p. 357, reafirmava tal crença, sendo que sua reimpressão, p. 6159, foi mais longe ainda, comparando Russell ao apóstolo Paulo. Não eram palavras precipitadas ou emitidas sob forte emoção, pois, sete anos mais tarde, a edição de 1/3/1923 ratificou tais idéias, chamando o 'pastor' de 'escolhido'. Perante tais declarações, não é de admirar que surgisse um desmedido culto de personalidade em torno da pessoa de Russell. Evidentemente, um rebanho órfão, carente da figura de seu líder, precisava de um consolo. Este não tardaria a vir.
     Já no ano seguinte ao óbito de Russell - 1917 - a famosa publicação The Finished Mistery  [O Mistério Consumado], em suas páginas 144 e 256, trouxe as emocionantes palavras:
“Este verso (Revelação 8:3) mostra que, embora o Pastor Russell tenha transposto a cortina [ou morrido], ele ainda está dirigindo cada aspecto do trabalho de colheita... Nós sustentamos que ele supervisiona... o trabalho a ser feito”
                                       
     Perceba o leitor que o texto não faz uso de retórica. O autor não diz que o "ânimo", o "espírito empreendedor" ou a "coragem" do falecido estavam entre os 'Estudantes da Bíblia' ou que estes se entregavam ao seu ministério com o mesmo "zelo", "diligência" ou "à moda de seu líder". Não, o comentário é feito no tempo presente e na terceira pessoa - 'ele' está, 'ele' supervisiona. E não foi uma declaração isolada. No mesmo ano, a edição de 1 de novembro de A Sentinela (p. 6161, reprints] ratificaria esta crença:    
“Então nosso querido Pastor, agora em glória [morto], está, sem dúvida alguma, manifestando profundo interesse no trabalho de colheita, e Deus lhe permite exercitar uma forte influência em razão disso.”              
Aqui vemos palavras praticamente idênticas, no mesmo tempo e na mesma pessoa. Não Deus,  mas Russell 'está manifestando profundo interesse'. Não sua mensagem, mas ele exerce 'forte influência'. Cremos que o texto não deixa margem para se evocar o uso de uma metáfora. Nem seria preciso, pois, ambas as declarações estavam de pleno acordo com a crença da época, de que Russell, imediatamente após sua morte, seria arrebatado ao seio de Jesus Cristo, afinal ele era um 'escolhido'. Uma prova concreta disso pode ser vista até hoje na inscrição gravada em seu monumento fúnebre em forma de pirâmide:
     Ao lado do tradicional símbolo da cruz coroada, os dizeres - Risen with Christ  ["Levantado com Cristo"]. Portanto, o entendimento era: Russell vivia no plano espiritual e exercia influência direta nas ações da comunidade de 'Estudantes da Bíblia'. Nesse caso, um Testemunha de Jeová poderia se perguntar: qual é, essencialmente, a diferença entre essa crença e a crença espírita de que os mortos estão ativos no mundo espiritual e participam nas atividades dos vivos? Ou a crença católica de que os 'santos' podem intermediar entre os cristãos e Deus?
     Este não é o único incidente envolvendo a Sociedade Torre de Vigia e as crenças relativas ao mundo dos espíritos. Seu segundo presidente - J. F. Rutherford - teve uma gestão marcada por reviravoltas doutrinárias e artigos polêmicos, alguns dos quais provocaram sucessivos 'rachas' no movimento, o que suscitou a mudança de nome da entidade para 'Testemunhas de Jeová', em 1931. Rutherford, gradualmente, transferiu para si, senão o prestígio, no mínimo, a autoridade que por anos era exclusiva do falecido 'pastor'. Deveras, durante sua presidência, coube apenas a ele a prerrogativa de legislar sobre questões doutrinais maiores. O compêndio The Messenger ["O Mensageiro"], de 21/7/1931, estampou fotos de Rutherford  e, no rodapé, o título de 'líder visível' dos 'Estudantes da Bíblia', uma honraria que só não superava a de seu antecessor. Coube a ele a tarefa de negar a crença anterior sobre as 'atividades' do morto Russell:
"Ninguém da companhia do templo seria tão tolo ao ponto de concluir que algum irmão (ou irmãos) que em alguma época esteve entre eles, e o qual morreu e foi ao céu, está agora instruindo os santos na terra e dirigindo-os em sua obra."    -Jehovah (1934), p. 191 (em inglês)
      Aparentemente, a organização chocava-se agora frontalmente com os ensinos que ela própria advogou fervorosamente, anos antes. Se os 'Estudantes da Bíblia' tinham sido 'tolos', quem os induzira a agir assim? Contudo, este entendimento não permaneceria para sempre incólume. Em 1989, a publicação Revelation - Its Grand Climax is at Hand!  ["Revelação - Seu Grande Clímax Está Próximo!"], p. 125, afirmaria:
 "É apropriado que, então, aquele entre os 24 anciãos, representando ungidos já no céu, instigasse o pensamento de João... (Revelação 7: 13, 14a) Sim, aquele ancião poderia encontrar a resposta e dá-la a João. Isto sugere que os ressuscitados do grupo dos 24 anciãos podem estar envolvidos na comunicação de verdades divinas atualmente."
     Ao que tudo indica - desde 1989 - considerar que alguém que morreu e foi ao céu esteja se comunicando com os vivos não é mais tão 'tolo' assim... 
     A exemplo de seu antecessor, Rutherford era homem de mente fértil. Coube a ele introduzir não só o nome, como a maioria das crenças atuais das Testemunhas de Jeová, diversas delas em choque frontal com o que ensinava o 'pastor' Russell. De onde provinha tal 'conhecimento'? Deixemos que o próprio Rutherford responda:
"O Juiz Rutherford fala, não a opinião dele, nem a de ninguém." - A Idade de Ouro de 28/3/1934, p. 396
 "Sem dúvida, o Senhor usa seus anjos para fazer com que a verdade seja publicada em A Sentinela... Certamente, Deus guia seu povo pactuado por usar os santos anjos para levar sua mensagem a ele. - A Sentinela de 1/2/1935, p. 41
     Esta declaração apresenta um nítido contraste com o ensino que o Espírito Santo - não os anjos - serviria de 'ajudador' aos cristãos (João 14: 26). Bem deixemos, novamente que o próprio Rutherford  explique o ponto:
"Por seu espírito, o espírito santo, Jeová Deus guia ou lidera seu povo até um certo tempo, e assim ele fez até o tempo em que 'o confortador' foi retirado... em 1918."  - Preservação (1932), pp. 193 e 194
"...1918... naquele ano o Senhor Jesus chegou ao templo de Jeová Deus. O espírito santo, o qual tinha sido o guia do povo de Deus, tendo cumprido suas funções, foi retirado..." - Salvação (1939), pp. 216 e 217 
"Ao invés dos servos serem impelidos à ação pela operação do espírito santo como ajudador, as Escrituras parecem ensinar claramente que o Senhor instrui seus anjos sobre como agir e eles agem sob a supervisão do Senhor, conduzindo o restante na terra no que diz respeito à linha de ação a tomar. - A Sentinela de 1/9/1930, p. 263
"Estes anjos são invisíveis aos olhos humanos e estão lá para levar as ordens do Senhor. Indubitavelmente, eles primeiro ouvem a instrução que o Senhor lança ao seu restante e então os mensageiros invisíveis passam tal instrução ao restante."  - Vindicação III (1932), p. 250
"Deus usa anjos para instruir seu povo agora na terra" - A Idade de Ouro de 8/11/1933, p. 69
      Estava claro - os anjos serviam agora de mediadores entre Deus e a Sociedade Torre de Vigia. Até 1930, a organização ensinava que apenas o espírito santo podia prover o entendimento das escrituras, porém, desse ano em diante, a iluminação supostamente provinha dos anjos. Contudo, QUEM estava à frente dos ensinos que eram divulgados naquele tempo? Quem os redigia? A resposta é uma só - J. F. Rutherford. Isso não se pode negar, pois todos os livros dessa época levam a assinatura dele. Somos obrigados a deduzir, então, que os anjos revelavam as 'verdades' a ele e apenas a ele. Como prova deste ponto, vejamos o que dizia a revista A Idade de Ouro de 2 de Setembro de 1931, p. 793:
"Todo leitor de A Idade de Ouro sabe que nós consideramos os livros do Juiz Rutherford os mais importantes do mundo."
     Fariam sentido tais palavras se as Testemunhas de Jeová não cressem que os escritos de seu presidente provinham de uma fonte superior, sobrenatural? Estava ou não envolvida a comunicação com o mundo espiritual?
J. F. Rutherford - comunicação com 'anjos'?
     Vemos assim que Rutherford afirmava não ter a iluminação do Espírito Santo desde 1918, ficando inteiramente dependente da comunicação de anjos. Tais fatos têm levado alguns críticos do movimento das Testemunhas de Jeová a considerar que as declarações de Rutherford  faziam dele - conscientemente ou não - um médium espírita, afinal de contas, a comunicação com anjos é parte integrante da liturgia do espiritismo, o qual vê os anjos como espíritos superiores, iluminados. Todavia,  o livro Proclamadores, p. 708, diz: 
"Aqueles que compõem a única genuína organização cristã  hoje não recebem revelações angélicas nem inspiração divina... Jeová os conduz ou guia a esse entendimento por meio de seu espírito santo."
     Em outra publicação (Despertai! de 22/5/1971, p. 28, em inglês), a organização acrescenta:
"Sim, a Bíblia mostra que não há apenas anjos bons, mas também iníquos."
     Todas essas contradições certamente suscitam as seguintes questões: 
a) Se o espírito santo - de acordo com a doutrina atual das Testemunhas de Jeová - é o responsável pela revelação da palavra de Deus e, tendo Rutherford declarado que este mesmo espírito havia sido removido desde 1918, então quem guiou a Sociedade Torre de Vigia entre os anos de 1918 e 1942?  
b) Se foram anjos que transmitiram informações ao segundo presidente da organização, então que espécie de anjos eram esses - os 'bons' ou os 'iníquos'? 
c) Se atualmente é o espírito santo que guia a Sociedade Torre de Vigia, mas - de acordo com os artigos da década de 30 - ele havia sido removido em 1918, então por que ele se retirou e quando foi que retornou?
d) Afinal, quem era Rutherford - um iluminado, um lunático ou um impostor?
     Declarações exóticas não eram exclusividade do segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia. Nesse respeito, ele tinha companhia à altura, a saber, a pessoa a quem ele nomeou para editor da revista A Idade de Ouro  em 1919 - o Sr. Clayton Woodworth, o qual tinha um passado envolto em comunicações com espíritos e possessões demoníacas. Como sabemos disso? Pelo próprio depoimento dele, registrado no compêndio 1913 Convention Report [Relatório da Convenção de 1913], mencionado no início deste artigo:
 " Eu gostaria de falar a vocês sobre uma coisa que eu certamente jamais pretenderia mencionar nesta convenção. Eu presumo que todos vocês tenham feito o voto; talvez alguns não o tenham feito...  Então meus problemas começaram. Eu comecei a orar e a lutar ao meu próprio modo com as Escrituras. Após alguns meses, as Escrituras aparentemente começaram a abrir-se... Houve um tempo, durante cinco noites consecutivas em que eu não dormia; daí, chegou um tempo em que a tensão era demais; minha mente ficou desequilibrada e eu fiquei diretamente sob a influência de espíritos maus, tanto que, por três dias, eu estava completamente sob controle demoníaco, tanto quanto a Sra. Eddy estava quando ela escreveu 'Ciência e Saúde'.
     Tais palavras certamente teriam forte impacto sobre a assistência se hoje fossem proferidas em um daqueles depoimentos pessoais realizados nas assembléias das Testemunhas de Jeová. Não era diferente em 1913 - isto pode-se perceber pela relutância inicial de Woodworth em prosseguir relatando sua experiência. A Sra. Eddy que ele menciona é Mary Baker Eddy - a fundadora da Igreja da Ciência Cristã, a qual também adotava o símbolo da 'cruz coroada'. Pois bem, teria C. Woodworth se 'curado' de suas experiências 'demoníacas' após sua conversão ao movimento 'Estudantes da Bíblia'? Embora uma Testemunha de Jeová hoje prefira crer que sim, faria bem em considerar o que o linguajar dele na literatura da organização parece sugerir. Vejamos, por exemplo, o estranho comentário dele no livro The Finished Mistery ['O Mistério Consumado'], em 1917:
"Tem você profunda apreciação por esta obra? Está você convencido que ela é do Senhor - preparada sob sua orientação? Tem você, cuidadosamente e com oração, lido os comentários em Revelação 7:1? Então agarre-se  à verdade, a qual é propósito de Deus conceder brevemente às mentes de muitos de seus pequeninos até que se abra um campo de batalha, no qual os anjos caídos serão julgados, e a maneira com que enfrentaremos os testes provará nosso merecimento por coroas, ao mesmo tempo em que provará que estes espíritos desobedientes não são merecedores de vida em plano algum. Isso é algo com o qual alguns, mas não muitos, estão familiarizados... sem uma experiência real é praticamente impossível conceber a intensidade de tais lutas... a base do cérebro é presa com em um torno. Interpretações da Escritura, ingênuas, mas desencaminhadoras além de descrição, são projetadas dentro da mente como água que sai de uma mangueira. Visões podem ser experimentadas, maravilhosas iluminações da mente como que por uma suave, mas gloriosa neblina esverdeada ou amarelada. Sugestões sedutoras podem ser feitas, de acordo com as circunstâncias do ambiente. Ofertas de inspiração podem ser feitas. O privilégio de dormir pode ser retirado por dias a fio. Tudo isso com o objetivo de forçar o desgraçado a, pelo menos, uma insanidade temporária... a mente pode ser invadida por pensamentos desprezíveis além da conta. Então lembrem-se do voto." 
     É difícil supor que alguém, em pleno gozo de suas faculdades mentais e completamente sóbrio, emitisse os comentários acima sem por em dúvida sua sanidade ou condição mental. De fato, as palavras de Woodworth parecem psicodélicas e realmente atestam a natureza de suas experiências pessoais. Como uma Testemunha de Jeová receberia hoje tais palavras se fossem publicadas em um artigo de A Sentinela? Considerá-las-ia como normais, próprias do cristianismo ou prontamente as identificaria como contaminadas com ocultismo? 
     Os comentários de Woodworth sobre Revelação 7:1 são, na verdade, uma referência a artigos do 'pastor' Russell, publicados em exemplares de A Sentinela - datados de 1911 e 1914 - e diziam respeito aos dramáticos acontecimentos previstos para aquela época. Uma das citações dizia:
"Há apenas um modo, tanto quanto podemos discernir, pelo qual esses anjos caídos podem ter um julgamento, consistindo em ter uma oportunidade mais ampla para pecar, se assim desejarem, ou uma oportunidade para mostrar, caso desejem, que eles estão fartos do pecado e querem retornar à harmonia com Deus... chegamos à conclusão de que o julgamento desses anjos caídos está em um futuro próximo; talvez já tenha começado para alguns." - O Mistério Consumado (1917), p. 124
       A doutrina acima é realmente bombástica, pois abre uma perspectiva inimaginável para o cristianismo ortodoxo - a reabilitação de demônios!   
  
C.J. Woodworth - 'Possessões demoníacas'???

     Há um episódio que ilustra bem a crença de Woodworth em 'demônios honestos'. Trata-se de um compêndio desconhecido para a maioria das Testemunhas de Jeová hoje em dia  -  Angels and Women [Anjos e Mulheres], de J. G. Smith, enfaticamente recomendado pela edição de 30/7/1924 de A Idade de Ouro. Consiste, na verdade, em uma revisão de uma obra psicografada em 1878. 'Psicografado' é um termo do vocabulário espírita utilizado para designar um texto ditado por espíritos e escrito por meio de um médium. O revisor da obra era um 'Estudante da Bíblia', identificado - na p. 702 da revista - apenas como "um amigo pessoal do Pastor Russell e que estava próximo a ele em seu trabalho". O texto diz: 
" 'ANGELS AND WOMEN'  é o título de um livro recém-lançado. É uma reprodução e revisão da novela 'Seola', a qual foi escrita em 1878, e que trata de condições anteriores ao dilúvio. O Pastor Russell leu esse livro com muito interesse e pediu a alguns dos irmãos que lessem por causa de sua notável harmonia com o relato das Escrituras sobre os filhos de Deus no sexto capítulo de Gênesis."
     O que o autor do artigo acima deixou de revelar diz respeito precisamente à origem do livro. Vejamos o que dizia seu  prefácio:
"O revisor deste livro é de opinião que o manuscrito original foi ditado para a mulher que o escreveu por um dos anjos caídos, o qual desejava retornar ao favor divino." 
Anjos e Mulheres - Obra psicografada
     A doutrina de Russell sobre 'anjos caídos retornando ao favor divino' começava a dar frutos. O editor de A Idade de Ouro - C. Woodworth  - aderiu tenazmente a este ensino. Este fato, aliado ao seu passado místico, tornou a nomeação dele um fator decisivo na contaminação da literatura da Sociedade Torre de Vigia, décadas à frente, com crenças ocultistas. Deveras, além do endosso a uma obra psicografada, diversas 'terapias' esotéricas - como as 'Reações Eletrônicas de Abrams ', a osteopatia e  outras - 'povoaram' diversos números da revista da qual ele era editor-chefe, A Idade de Ouro
     Não tardariam a surgir questionamentos por parte dos leitores das publicações da Sociedade contra aquilo que entendiam como promoção do demonismo. A edição de 3/12/1924 de A Idade de Ouro publica uma interessante troca de correspondências entre a Sociedade e um de tais leitores descontentes. Entre outras coisas, ele dizia:
"Eu fiz algumas indagações e foi-me dito que ['Anjos e Mulheres'] era um livro que um anjo caído ditou a uma mulher, demonstrando o desejo de retornar à harmonia com Deus e que o Pastor Russell aprovou o livro. Eu nunca tinha ouvido falar deste livro antes. Já que nós devemos evitar tudo o que se relacione ao espiritismo, eu gostaria de saber com certeza se o livro tem sua aprovação..." - W. S. Davis, Los Angeles, California
       Agora a organização não podia mais afirmar que não sabia da origem do livro. Vejamos a resposta da redação de A Idade de Ouro:
"Quanto a ser uma violação do juramento ler este livro, tal idéia não merece consideração. Não seria mais errado lê-lo do que ler 'O que as Escrituras Dizem sobre o Espiritismo'  ou  'Falando com os Mortos', pois estes dois livros falam bastante do que os espíritos maus fazem. Muitos têm obtido bastante benefícios a partir da leitura de 'Anjos e Mulheres' porque este ajuda a adquirir uma visão mais clara sobre como Satã logrou anjos e a raça humana, causando estrago entre homens e anjos. O livro ajuda a ter um melhor entendimento da organização do diabo."
     Cremos que as palavras acima dispensam comentários adicionais e servem como poderoso argumento contra as seguintes palavras:
"Já que não praticamos espiritismo, estamos livres da dominação dos demônios" - A Sentinela de 15/3/1992, p. 20
      É o caso de perguntar - da dominação dos demônios maus ou dos 'honestos'?