domingo, 31 de julho de 2011

A busca da pílula da inteligência

A busca da pílula da inteligência
Drogas que melhoram a memória e o desempenho cognitivo estão longe de ser aprovadas, mas suas implicações sociais já despertam debates acirrados
por Stephen S. Hall
[continuação]

Algumas pesquisas indicam que estimuladores cognitivos atualmente no mercado podem não ser melhores que uma droga encontrada na maior parte das mesas de café da manha.

A Força Aérea norte-americana também tem realizado experimentos com drogas que melhoram o estado de alerta de pessoal militar fatigado, particularmente em relação a pilotos em missão operacional. A Força Aérea permitia que os pilotos utilizassem anfetaminas chamadas de "go pill", já na época da Segunda Guerra Mundial, de acordo com John A. Caldwell, especialista em distúrbios do sono da Força Aérea que conduziu esses experimentos nos últimos 10 anos. "Meu objetivo principal não é aumentar o desempenho cognitivo", disse ele numa entrevista, "mas manter os excelentes níveis de desempenho entre os nossos militares."

Começando em 1993, Caldwell realizou testes aleatórios duplo-cego mostrando que a dextroanfetamina eliminava as quedas de desempenho dos pilotos, homens ou mulheres, sem dormir durante 40 horas consecutivas. Alguns dos estudos foram realizados em simuladores de vôo de helicóptero, mas depois foram replicados em aeronaves reais. Mais recentemente Caldwell testou o modafinil em comparação com a dextroanfetamina em pilotos privados do sono, mostrando que a droga da narcolepsia superou a fatiga e manteve o desempenho cognitivo, embora alguns indivíduos tenham tido náuseas semelhantes ao enjôo do movimento, dentro do simulador. "Em última análise, eu acredito que há lugar para o modafinil", diz Caldwell. "Não me surpreenderia se ele fosse aprovado para consumo dentro de um ano. Mas eu não acredito que ele possa vir a substituir nossa atual \\'go pill\\'. Temos 50 anos de experiência operacional e toneladas de pesquisas de laboratório com a dextroanfetamina. Ainda não chegamos lá com o modafinil."

Um halo de pó

Mesmo assim, a pesquisa com o modafinil destaca um paradoxo no debate ético sobre a melhoria cognitiva. A Defense Advanced Research Projects Agency (Darpa) tem financiado várias pesquisas, básica e aplicada, buscando caminhos para melhorar o desempenho cognitivo do seu pessoal. O programa de Desempenho Assistido Contínuo da Darpa vem financiando pesquisas pré-clínicas com a droga ampaquina da Cortex, por exemplo. Assim, enquanto membros de uma parte do governo, o painel de bioética do Presidente George W. Bush, apóiam o uso de drogas por pessoas saudáveis para melhorar o desempenho cognitivo de forma velada, outro ramo, os militares, têm explorado agressivamente a capacidade de novos agentes farmacológicos para aumentar a vigília e o desempenho cognitivo em indivíduos fatigados mas essencialmente normais - de um pequeno pulo a um salto para a melhoria cognitiva de civis.